sábado, 26 de novembro de 2011

O Vestido Azul


Havia no parque da cidade uma garota sentada sozinha num banco, muito triste. Todos por ela passavam e ninguém parava para
ver porque estava triste. Trajada com um vestido azul desgastado pelo tempo, descalça e suja, a garota permanecia sentada,
imóvel, apenas observando as pessoas passarem. Não fazia menção de falar, nem mesmo de sussurar.
Muitos passavam por ela e ninguém a notava.

Mas a imagem daquela garota ficou remoendo na minha mente.


No dia seguinte decidi voltar ao parque para ver se encontrava aquela garota. E lá estava ela, no mesmo lugar,
com a mesma expressão triste. Hoje eu não ia deixar esta garota passar em brancas nuvens. Pelo menos tentaria
fazer alguma coisa por aquela garota. Ora, um parque cheio de estranhos não é o lugar mais apropriado parava
uma garota sozinha.Ao me aproximar, percebi uma volume estranho nas costas da garota.

Vi então porque as pessoas evitavam olhar para a garota. As pessoas preferem ignorar aquilo que é desagradável.
À medida em que me aproximava da garota, ela abaixava seus olhos, evitando meu olhar observador. Mais próximo dela,
pude ver o formato de suas costas com mais detalhes, grotescamente curvadas em uma enorme corcunda.
Sorri, para que ela visse que estava tudo bem, que estava ali para ajudar, para conversar, oferecer um ombro amigo.
Sentei-me ao seu lado e disse "Olá!". A garota meio surpresa, balbuciou um tí­mido "oi", depois de um longo olhar para meus olhos.
Novamente sorri para ela e ela sorriu de volta.

Conversamos por algumas horas, e o parque foi se esvaziando. Perguntei à  garota porque ela estava tão triste.
Ela me olhou melancolicamente e disse "porque sou diferente!", no que eu retruquei "Sim, é mesmo."
"Veja, minha flor, você é como um anjo da guarda observando todas estas pessoas que passam por este parque."

Ela fez que sim com a cabeça e seu rosto se iluminou com um sorriso. Então, abriu o seu vestido nas costas
e surgiram duas asas imensas, e disse: "Sou mesmo. Sou seu anjo da guarda", disse com um brilho em seus olhos.

Fiquei estarrecido, devia estar vendo coisas!
Ela disse: "Finalmente você pensou em outra pessoa que não apenas em si próprio. Minha missão aqui está concluída."
Pus-me de pé e disse: "Espere, não vá ainda. Diga-me porque ninguém parou para ajudar um anjo?"

Ela respondeu: "apenas você podia me ver" e foi-se embora rapidamente,
com uma lufada de ar refrescante vinda de suas asas me atingindo em cheio.

Aquilo me marcou para toda a vida.

História recebida por e-mail, autor desconhecido
O quadro é Linda Sitting in a Blue Dress - Annie Howell-Adams

Nenhum comentário:

Postar um comentário