quarta-feira, 25 de julho de 2012

O AMOR BOM É O FACINHO




Há tempos atrás li um texto muito bom do ótimo Ivan Martins, sobre as conquistas difíceis e sobre o esforço que fazemos para obter certas recompensas. o texto é este aqui:

Isto me inspirou a escrever uma outra visão, sobre o esforço que decidimos fazer para manter relacionamentos que estão enfrentando problemas e abalados por pontos de atrito. lá vai:

O Amor Bom é Facinho

Cada pessoa é um universo em si mesma. Suas crenças, a sua maneira de sentir e pensar podem até achar pontos de contato com outras pessoas, mas o complexo conjuntos de tudo que forma uma pessoa, e que a faz ter as reações que tem, e as vontades que tem, isso é único de cada pessoa.

Há pessoas que encontramos nessa vida que nos dão a nítida sensação de que nos conhecemos há vários anos, logo nos primeiros dias de convivência, quando ainda estamos conhecendo aquela pessoa. É divertido encontrar pontos de contato entre duas almas e ver que duas pessoas muitas vezes tem as mesmas reações, e que uma sintonia inexplicável mostra sua cara em vários momentos que estamos com aquela pessoa. Estes tipos de pessoas acabam tornando-se nossos melhores amigos.

Há uma frase, repetida à exaustão, que diz que "os opostos se atraem". Isso leva muitas pessoas a sofrerem nos relacionamentos, fazendo-as crer que vale a pena lutar por um amor conturbado. De certo que em todo relacionamento, é preciso saber negociar, ceder em alguns pontos, e trabalhar os pontos de atrito que naturalmente surgem com a convivência de forma respeitosa, com tato e sabendo se colocar no lugar do outro. É preciso saber superar o egoísmo e o egocentrismo e junto com a outra pessoa, encontrar soluções de consenso que sejam saudáveis para o relacionamento, e que façam os dois crescerem, amadurecerem, evoluirem.

Mas ponto de vista que quero defender aqui é bem outro, que parece oposto ao que foi dito no parágrafo anterior, mas que na verdade o complementa.

"Lutar por um amor é bom, mas ter um amor sem precisar lutar por ele é muito melhor"

William Shakespeare

Os relacionamentos que mais nos fazem felizes são os mais fáceis também. A formação de uma conexão entre duas pessoas, é algo natural, sem esforço, e a sintonia vem simplesmente com a convivência, na verdade ela sempre existiu, e os dois apaixonados vão apenas descobrindo-a, com grande prazer. Os pontos de atrito são muito menores do que os que aparecem nos relacionamentos conturbados, na qual os amantes investem um esforço contínuo para ajustar-se um ao outro por um grande amor que sentem um pelo outro.

O amor bom é facinho, e mesmo anos de convivência não desgastam o relacionamento, pois as pequenas microfrustrações de quem anos a fio, opta por ceder em busca de soluções de consenso, que amplifica os pequenas insatisfações, são muito mais raras, e a sensação de ter uma pessoa que sem esforço olha para a mesma direção que você fortalece o vínculo e a sensação de que aquela pessoa é a pessoa certinha pra você.

No entanto, há que se ter cuidado com o nível de exigência na sintonia que queremos ter com uma pessoa, pois esta história de almas gêmeas não existe, isso é uma quimera romântica que deixou muitas pessoas sofrendo. Não há uma pessoa igual à outra, e todos estamos em constante mudança. Nossa personalidade nunca está pronta, há um núcleo que nos faz com que nos sintamos nós mesmos, mas sutis mudanças vão acontecendo ao longo da vida. E há pessoas que conhecemos que mexem tanto com a gente que podemos dizer com segurança que não somos mais os mesmos depois de conhecê-las.

Quando chegamos naqueles momentos de dúvida quanto a manter o relacionamento, e empreender um esforço para que aquilo continue e volte a produzir o encantamento em duas pessoas que um dia já proporcionou, acredito que a principal questão que devemos saber a resposta é se vale a pena lutar por aquele amor, e não é falha de caráter ou preguiça desistir de um relacionamento difícil, simplesmente porque este investimento todo pode nos manter em um relacionamento com uma pessoa que não é a que mais combina com a gente.  

Quando você se depara com um ponto onde pára e reflete sobre o que os dois precisam fazer para reconstruir o relacionamento abalado, antes de mais nada precisa se perguntar se vale a pena empreender aquele esforço. Pode ser que não, e isso não é ser egoísta, é ser sensato.

Muitos desistem dos relacionamentos muito cedo, sem lutar nem um pouquinho pela pessoa que se ama, e isto é errado, imaturo e conduz a relacionamentos superficiais descartáveis, enquanto os grandes amores são aqueles capazes de superar os obstáculos mais difíceis. Nossa habilidade em criar soluções de consenso para situações conflituosas, nossa dedicação ao outro, compreensão, cuidado, altruísmo, vontade de agradar, tudo isso é importante num relacionamento e nos faz crescer como pessoas, mas eu acredito que os melhores relacionamentos são justamente o que exigem menos dessas nossas habilidades de aparar arestas, pois a sintonia é maior que qualquer pequeno estranhamento, embate ou tensão. O amor bom é o facinho.