sábado, 27 de abril de 2013

A Auto-Imagem e a Prática



O ser humano vem ao mundo como uma folha em branco, ou um papiro fabricado pela criação, pela educação que recebemos, de tudo que nos cerca, das influências culturais, do que a vida nos ensina. Neste papiro escrevemos nossa identidade.

Dois filósofos cunharam a mesma frase, com séculos separando as vidas de dois homens que sintonizaram-se com um mesmo conceito. Píndaro no século V antes de Cristo e Friederich Nietzsche no século XIX disseram 

"Torna-te o que és"

A imagem que você tem de você mesmo, e sobre o que você é, é uma semente do que pode vir a ser. Tudo que é uma idéia abstrata, é verdadeiro até que a materialização daquele conceito em ações que produzem resultados aconteça. 

Um conceito que você tenha, no seu nascedouro é a priori uma verdade, e o ato de colocar em prática pode fazer com que aquela verdade se revele ilusória. Entretanto uma verdade potencial move as pessoas em uma direção rumo ao conhecimento,  e a verdade pode transcender aquele conceito inicial de forma supreendente. 

No tocante a auto-imagem, os resultados do que você faz corroboram o que você acha que é ou não, mas o que podemos ser é muito menos limitado do que os primeiros resultados podem sinalizar.

A forma como os outros te vêem depende de como você se comporta, mas a sua auto-imagem se conecta com o que você pode ser, com o que você almeja ser, e somos um conjunto de possibilidades esperando a vez para acontecerem, e o que somos se molda pelo que escolhemos ser a cada momento, de forma consciente ou não.

A equivocidade

Algumas vezes, as pessoas se angustiam ao constatar que têm agido em desacordo com o que acreditam, ou que suas idéias e suas ações não combinam, como quando tem intenção de fazer uma coisa e acabam fazendo outra, ou quando em uma situação na qual planejaram agir de uma forma tiveram uma atitude oposta ao que queriam ter. 

Quando a prática tem um rompimento com o pensamento deliberado temos um exemplo do conceito de equivocidade. Isso tem a ver com o que está zanzando nas camadas inconscientes do nosso ser, e com os ruídos dos discursos das várias possibilidades de vir a ser que residem em cada um de nós. A mente consciente é o porta-voz da nossa pluripotencialidade, e por vezes não tem certeza do que filtrar para a realidade do burburinho interno que ouve.

A auto-imagem é o local onde nascem as ações, atitudes, de onde tiramos material para construir nossa identidade, e que se expressa e toma corpo nos acontecimentos da nossa vida, e que se afeta pela nossa percepção de como agimos e retro-alimenta nossa auto-imagem. Mas o que percebemos é apenas uma das possibilidades do que podemos ser. 

Ser é algo em movimento 

Você é o que você faz. Se você não se movimenta, o indelével trem das consequências te atropela, o tempo com seu incessante desenrolar acaba no fim por enterrar o seu corpo inerte.

O milagre da transmutação está dormente no interior da sua alma, em toda água ( e aqui uso a água como metáfora do tempo, do transcorrer da vida, do fluxo de acontecimentos) que você bebe há algumas moléculas de vinho que sua energia pode fazer com que toda a taça do dia vire vinho ao fermentar pensamentos em ações.

Imagem: escultura Self Made Man por Bob Carlyle
http://www.bobbiecarlylesculpture.com/SelfMadeMan.php

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