quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Ciclos de Sofrimento



Há características em nós mesmos que nos fazem patinar no crescimento emocional, situações nas quais nos sabotamos ou não conseguimos fazer algo que nossa vontade pedia "por favor! vamos fazer isso?" e situações-problema que nos dão a sensação de estarmos andando em círculos, porque até há uma evolução, mas volta e meia voltamos a um estágio que nos incomoda.


Isto acontece porque ficamos presos ao fogo dos pensamentos-hábito, que é como uma lareira que nos dá um calorzinho de segurança no meio da confusão de não saber qual o próximo passo devemos dar. Acontece também por um certo apego ao que acreditamos ser nossa essência, aquela coisa arrogante e comodista do "eu sou assim! Fazer o quê?". Acreditar que o que somos se resume ao que gostamos e o que não gostamos, ao que achamos certo e o que achamos errado, e o que queremos e o que não queremos é negar tudo o que temos dormente dentro de nós, ignorar a parte de nós que é eterna mudança e se prender a coisas familiares que nos mantém presos a um círculo de sofrimento.


Para se libertar dos ciclos de sofrimento, é preciso se render, se entregar ao impulso criativo da mudança. Ter a consciência de que abandonar coisas familiares não é trair sua essência, é soltar malas pesadas que contém coisas que já foram e manter a mente clara e luminosa, espírito leve e coração aberto para a vida que está acontecendo. É dizer sim às oportunidades, é ouvir o que a mente  percebe nas situações quando silenciamos a mente tagarela que não pára de remoer velhos pensamentos e imagens mentais, quando a mente se despe de julgamentos e rótulos. É se render ao despertar de si mesmo, que contraditoriamente, só emerge quando não temos dó de abandonar as "coisas familiares".


Este abandono, essa rendição, entretanto, não é algo performático, onde movidos por um impulso renovador, um belo dia em que acordamos animados, decidimos não ser mais fracos, não ceder mais aos medos e mudar. Para nos desintoxicarmos de pensamentos-hábitos que nos mantiveram presos a ciclos de sofrimento por anos é preciso um trabalho diário, é preciso manter-se em todos os momentos atento ao que acontece, é aquietar-se e não permitir que as emoções negativas perturbem a superfície do lago da mente, e não deixar que essas marolas nos impeçam de perceber o que se move na profundeza dos acontecimentos.


Imagem: Self Image Obsession - by LucBecks

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